quinta-feira, 21 de julho de 2011

Das noites que nunca têm fim

   Um bocejo é um lamento de algo que termina antes do tempo, um desejo manifestado à revelia, sem intento. Descontentamento com o dia que está por vir. Movimento que dissimula uma verdade. Vontade má, ter sono e não querer dormir.

   Um aperto qualquer, na garganta, no peito, em algum insuspeito lugar. Apertar F5 a noite inteira, sem adiantar. O e-mail não vem, talvez não haja meio de dizer, ela talvez tenha receio de querer.

   Eu varo uma noite, e me lembro de outra, eu paro, e espero. E nem reparo que eu quero. Se exagero, se errei, se eu devia ter ido embora antes. Se foi demais, ou se não foi o bastante. Nada muda, nada cala, essa aurora não cancela. A noite já foi embora, e nessa noite eu queria ela.