A mulher que eu olho agora fala espanhol, enquanto fuma, elegante como uma serpente. O braço reto, vertical, cabelos negros sobre a blusa de lã verde, e a garrafa de cerveja cuzqueña sobre a mesa.
Todos à minha volta pensam em línguas diferentes da minha.
Começou como tensão, os músculos da perna rijos, e o coração lançando mais sangue do que as veias pedem. A bênção etérea dos calmantes a dissolveu, e eu pude observar maravilhado os picos das montanhas cobertos de neve. Soy latino.
Ela agora não fuma nem bebe, apenas apóia a cabeça sobre o punho enquanto olha pro nada, e eu me lembro que tive que atravessar um continente só pra ver a mesma babilônia. Na confusão de dois dias sem dormir, entre alguns países, eu também não sei em que língua penso.
Talvez na língua dela, que leva em si o hálito de tudo o que eu finjo entender e nunca (v)terei.
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
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